domingo, 6 de outubro de 2013

UPP NA FORMIGA

                     


                                                                                                                               Nigangi Rosa 
                                                                                        E-mail : nbelone1@gmail.com


                   A comunidade da Formiga representa um grande contraste do Rio de Janeiro. Situada numa área considerada nobre do Rio, depois de tantos anos sendo ocupada por traficantes, a favela recebeu uma Unidade de Policia Pacificadora em 2010 e se tornou a 9° comunidade a receber a UPP. O morro também é bastante conhecido por ter sido o berço da Escola de Samba Império da Tijuca. A Formiga é uma das comunidades mais antigas e íngremes do Rio de Janeiro, e com isso, o blog resolveu saber como é a vida de um morador desta comunidade e como está sendo a convivência com uma UPP.

O morador Fábio Araújo tem 34 anos, é comerciante, e mora na comunidade há 10 anos.
Nigangi Belone: Boa tarde Fábio gostaria de saber como é a sua vida hoje na comunidade, e a importância que ela tem para você?
Fábio Araújo: Ola é um prazer ser entrevistado por você meu amigo. Bom, minha rotina é meio complicada, trabalho seis dias por semana em horários irregulares, tem vezes que é difícil parar em casa, então o tempo que eu fico por aqui, costumo ficar em casa ou reunir os amigos aqui da área para conversar, falar da vida e aproveitar o tempo. Eu vim da baixada, mas a comunidade da Formiga basicamente me acolhe, após me formar vim aqui pra comunidade tentar a sorte, e acabei conseguindo uma casa, onde moro já há 10 anos. Depois disso, alguns parentes decidiram ate se mudar pra cá, até por ser bem localizada, e ter fácil acesso ao centro e etc.

NB: Na época em que a comunidade era ocupada por traficantes, você se sentia de certa forma inseguro?
FA:: Na verdade não, a maioria dos traficantes já eram todos conhecidos por nos moradores. Quase todos eles eram aqui da comunidade, e com isso, havia um grande respeitos aos moradores aqui da Formiga. NB: Quando havia conflitos de facções e operações policiais, como era a reação dos moradores?
FA: Era de muito medo, de não saber o que pode esperar ao sair da sua porta de casa. Realmente as vezes nos sentíamos apavorados com a quantidade de tiros e até uma conhecida minha chegou a ser baleada em um confronto entre facções. Já cheguei a não poder ir trabalhar por causa de tiroteio.

NB: Em alguma vez já precisou dormir na rua, ou pior, não poder voltar pra casa?
FA: Geralmente não, pois eu moro no começo do morro, mas era meio assustador chegar na favela e ver a sua rua tampada de policia, já imaginava que não ia dormir naquela noite (sic)

NB: Qual foi a reação que os moradores tiveram ao saber que iriam implantar a UPP aqui no morro?
FA: Um misto entre alívio e tensão. Ninguém sabia como ia ser feito a operação e o projeto dos ‘’caras’’, foi meio que na base da confiança e torcer pra que nada de errado acontecesse.

NB: No dia da ocupação, você ficou com medo de algum possível tiroteio na comunidade?
FA: Todo morador ficou, e já tínhamos isso como certo, mas Graças a Deus ocorreu tudo bem e pelo eu me lembro não houve nenhuma ferido ou morte.

NB: Como foi o primeiro contato com os policiais da UPP?
FA: De inicio foi meio burocrático, ‘’bom dia e boa noite’’ nada demais. Mas teve um momento em que nos convocaram na Associação de Moradores aqui da Formiga e fizeram uma reunião falando a respeito da ocupação, qual era a idéia da UPP. Nos trataram com a maior educação e respeito.

NB: Você sentiu a favela mais segura com a presença da UPP?
FA: Com certeza, mesmo com alguns momentos tensos a favela sem dúvida nenhuma está mais segura com a policia aqui dentro, mas para ser franco, as vezes sinto falta da presença dos policiais combatendo e reprimindo alguns moradores de rua (crackudos), não é nem para prender mas é para ajudar o cara, que as vezes quer sair dessa mas falta alguma ajuda ou incentivo.
NB: Já houve alguma manifestação negativa contra as UPP’s, por parte de algum morador?
FA: Sempre tem, né! Não da para agradar a todos e já houve sim. Pelo que parece algum policial quis invadir a casa de uma moradora achando que morava um traficante no local, mas acabou se equivocando e foi afastado por um tempo.

NB: Os policiais costumam patrulhar a favela constantemente?
FA: Em toda favela, não. Mas costumam sempre estar em lugares estratégicos do morro, tipo nas entradas, no alto do morro e etc.

NB: Você já presenciou alguma má conduta de algum policial aqui no morro?
FA: Infelizmente sim! Muito devido a um moto táxi que tem aqui próximo, mas que me parece ser irregular. Pelo que sei os policiais levam dinheiro para não perturbar os moto-taxistas. Mas isso infelizmente é normal, tem outros casos também mas nesse caso especifico, qualquer morador da região sabe.

NB: Você se sente mais seguro com a presença das UPP’s?
FA: Me sinto, muito pelo fato de saber que não vou mais ouvir tiros durante a minha madrugada (sic).

NB: Sabe dizer se ainda existe tráfico de drogas no morro?
FA: Eu não sei, mas acredito que não.

NB: De alguma forma, você acha que as UPP’s é importante para a comunidade da Formiga e para as demais comunidades?
FA: Certeza absoluta é plano que claro tem as suas falhas e precisa ser melhor trabalhado. Mas não temos que pensar que as UPP’s são apenas policiais mantendo a segurança da comunidade, é também um pouco de cultura, educação e informação para a nossa favela e todas as outras que também fazem parte desse circulo. A população precisava disso, e só chegou a esse ponto porque nenhum político foi capaz de combater a criminalidade anteriormente. Espero que isso não seja nenhuma maquiagem para os grandes eventos que terão aqui na cidade, mas que sirva de lição, aprendizagem e oportunidades para todos os jovens das favelas pacificadas e não pacificadas.
 NB:Você trocaria o morro da Formiga por algum outro lugar, Fábio?
FA: Mesmo com problemas, sou muito feliz aqui, tenho minha família aqui por perto. Hoje ainda não penso em sair daqui. Quero ainda ver essa comunidade crescer e tentar fazer muito com que isso aconteça.

Por: Nigangi Belone

sábado, 5 de outubro de 2013

Morro do Leme : PACIFICAÇÃO DO BEM


                                                               Jéssica Rosa 
                     E-mail: jessicarosa0911@yahoo.com.br


Pacificada desde 2009 , o morro do Leme tem história para contar , suas origens passa 
de geração em geração , depois de pacificada os moradores sentiram aquela diferença de liberdade com que fez a produzir mais pela sua comunidade .                                                                                       
Um dos moradores nos conta como foi essa historia significa muito , Seu Cacau descreve isso em poucas palavras ,

Jessica Rosa : A palavra FAVELA , qual é a definição que você acha para o seu ego ?
Cacau : A favela pra mim , ela a favela ela existiu , existiu FAVELA , hoje com as coisas mais modernas se chama comunidade e nós ... isso eu falo porque eu vivi , eu conheço o que que era favela . Hoje não .. Hoje eu vejo .. gosto das reportagens que as pessoas fazem porque se isso começasse lá de trás seria melhor porque ai ia ter um acompanhamento de favela para comunidade , como surgiu . 
JR  : Todo um processo ? 
C : Processo de favela para comunidade , mas muitas pessoas ainda catam é o mesmo dizer que á um preconceito ai , mas é ... nós não queremos chegar á sociaedade assim como nego social , de favela nós chegamos a comunidade e a gente quer ficar no topo também de favela para comunidade e eu acho que é por ai 
JR : E sobre a pacificação , anti pacificação , pós pacificação ? O que o Sr. acha sobre subir e ajudar a comunidade 
C: Esse foi um processo que eu na minha parte eu gostei e pra essa geração de agora , não a minha ... a minha foi aquele ''CAÔ'' e é té melhor dizendo assim porque nós tivemos momentos dificeis , eu acho que se não á essa intervenção eu não sei como estaria isso , não só para essa comunidade para as outras comunidade também . É ... foi fundamental essa UPP aparecer , foi uma salvação .. sei lá , porque nós estavamos entregue nas mãos de Deus e Deus nos protegendo no céu e aqui em baixo '' aquilo '' né que não precisa nem falar o que que é , mas ela veio de mão beijada essa pacificação porque eu acho que numa comunidade estaria que nem um país lá fora que é uma praça de guerra onde ninguem estaria se entendendo , eu acho que a criminalidade ia ser mais forte ainda , então foi uma injeção que deram para anular esse caos que fizeram na nossa comunidade .. Mas foi bom , hoje temos a presença do Secretário Mariano Beltrame e nós tivemos uma visita dele e foi muito bom pra dá espaço pra eles verem  como é . 
JR : Dá espaço para tirar o Preconceito né ? 
C: Claro , esse preconceito desse negocio de favela , comunidade e eu não sei se é uma camuflagem mas .. que melhorou , melhorou não tenho essa duvida que melhorou muito . 


Seu Cacau , Morador nascido e criado no morro .... E como ele diz : '' COM MUITO ORGULHO ''

A voz do morador: Ladeira dos Tabajaras


                                                                                                 Joyce Nogueira 
                                                                        E-mail: nogueirajoy@hotmail.com                

  Pacificada desde 2009, a Ladeira dos Tabajaras esta localizada em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Os moradores da região sofreram com o tráfico de drogas e com uma facção criminosa comandando a localidade por quase 30 anos. Mas será que com a Unidade de Polícia Pacificadora, UPP, a vida realmente mudou para os habitantes?

                         Segundo Andreia Ramos, residente da região, existe apenas pontos positivos com a pacificação como a diminuição da violência e estabilização da ordem. “Muita coisa mudou. A nossa vontade passou a ser ouvida através de convenções e reuniões organizadas pela associação dos moradores. Nelas decidimos sobre o preço e as regras do transporte interno.”
Antes da pacificação, de acordo com Ramos, o tráfico era visível e os criminosos andavam com as armas a mostra para intimidar. Ela lembra ainda que o confronto entre policias e infratores era frequente. A moradora comentou que antes da pacificação não podia chegar tarde em casa e que reinava na localidade a lei do cego, surdo e mudo. “A lei era imposta pelos traficantes e pelos bandidos.”

                                A jovem diz que morar na comunidade atualmente é tranquilo e que a pacificação trouxe o turismo para a localidade. Ela comenta que eventos são realizados e atraem pessoas de todos os lugares. Andreia já sofreu preconceito por habitar na Ladeira dos Tabajaras e acredita que o preconceito vai continuar existindo apesar da pacificação.

- Ainda acontecem coisas que a mídia não divulga como venda de drogas,  mas isso é um problema geral. Existe venda de drogas tanto na Ladeira como em bairros considerados de classe alta. Eu indico a comunidade como um lugar tranquilo para morar e visitar. – diz.

UPP na Rocinha




                                                                                                                         Érica Vicente
                                                                                       E-mail:      ericavicente1@gmail.com
                                                                                                   
                                                   
A Rocinha é a maior comunidade do País e destaca-se por ser a maior favela do Brasil, está situada em um dos pontos mais privilegiados da paisagem carioca, entre os bairros da Gávea e de São Conrado na Zona Sul do Rio. A região foi pacificada no fim de 2011 e inaugurada em 20 de setembro de 2012 iniciando suas ações com 310 policiais. A unidade  é responsável por atender a mais de 70 mil moradores, distribuídos por cerca de 26mil domicílios da região.
A comunidade teve origem na divisão em chácaras da antiga Fazenda Quebra-cangalha, produtora de café. Adquiridas por imigrantes portugueses e espanhóis, tornaram-se, por volta da década de 1930, um centro fornecedor de hortaliças para a feira da Praça Santos Dummont, que abastecia a Zona Sul da cidade. Aos moradores mais curiosos sobre a origem dos produtos, os vendedores informavam que provinham de uma "Rocinha" instalada no alto da Gávea.
Hoje, o descaso do governo com a comunidade, com a falta de infraestrutura, a construção de barracos de papelão, a degradação de áreas verdes, o crescimento desordenado, a distribuição de água através de bicas, entre outros problemas, provocou grande indignação, reivindicações e abaixo-assinados da população, que se organizou, engajando-se em muitos protestos em prol da comunidade.
Moradora há mais de 20 anos, a estudade de Geografica que está cursando o 8º período de uma das faculdades mais previlegiadas do país PUC-RIO, Gabriela Duarte, diz que não se sente "diferente" de outros alunos por morar na Rocinha. Ela conta em sua entrevista que normalmente as pessoas ficam até surpresa quando ela informa ser morada, pois não a veem como ela disse na entrevista " o biotipo próprio de quem é da favela":

1) Depois da ocupação, o tráfico deixou de comandar a favela?
Ele perdeu grande parte do seu poder no que diz respeito à exposição ostensiva de armamentos e à venda deliberada de drogas, mas os traficantes ainda estão presentes e atividades criminosas ainda são uma realidade na favela, mesmo que em menor grau.

2) Referente a violência o que mudou depois da UPP?
Apesar de não haver mais a figura do traficante expondo armas de elevado grau de destruição, os fuzis continuam expostos, porém nas mãos da polícia. Pequenos crimes como roubos, furtos, assaltos e outros mais graves como assassinatos e estupros aumentaram de número.

3) Após a Pacificação você acha que o turismo aumentou?
Com certeza! A Rocinha, menos antes da UPP, já fazia parte do circuito turistico de favelas da cidade. Porém a UPP vem com um discurso forte que visa reforçar a imagem de um ambiente mais seguro onde os turistas agora podem vir sem nenhum tipo de preocupação. Aliás, não só turistas de fora do Brasil. O próprio morador do "asfalto" agora encontra incentivo para subir e explorar o morro. Pena que ao morador da favela não seja oferecido o mesmo livre acesso nos lugares frequentados por essa populaçao do aslfato.

4) Com relação a "sociedade" você sente diferença no tratamento das pessoas quando você diz que mora na Rocinha?
Eu, especificamente, nunca fui discriminada por morar na Rocinha. Porém ao dizer que moro aqui, a reação de surpresa das pessoas tem embutida em si um certo preconceito, uma vez que sou branca e não carrego "o biotipo próprio de quem é da favela".

5) Como é a convivência dos moradores com os policiais?
Na minha memória, desde o início, a UPP não era vista com bons olhos, gerando desconfiança entre os moradores. Atualmente, em dias de Amarildo, fica transparente como essa relação morador da favela/polícia já é uma relação desgastada , cheia de arbitrariedades e desrespeitos por parte dos policiais. A UPP que já chegou impondo uma série de regras no cotidiano do morador, querendo mudar práticas culturais próprias da favela sem consultar os principais envolvidos também foi algo visto com maus olhos.