sábado, 5 de outubro de 2013

UPP na Rocinha




                                                                                                                         Érica Vicente
                                                                                       E-mail:      ericavicente1@gmail.com
                                                                                                   
                                                   
A Rocinha é a maior comunidade do País e destaca-se por ser a maior favela do Brasil, está situada em um dos pontos mais privilegiados da paisagem carioca, entre os bairros da Gávea e de São Conrado na Zona Sul do Rio. A região foi pacificada no fim de 2011 e inaugurada em 20 de setembro de 2012 iniciando suas ações com 310 policiais. A unidade  é responsável por atender a mais de 70 mil moradores, distribuídos por cerca de 26mil domicílios da região.
A comunidade teve origem na divisão em chácaras da antiga Fazenda Quebra-cangalha, produtora de café. Adquiridas por imigrantes portugueses e espanhóis, tornaram-se, por volta da década de 1930, um centro fornecedor de hortaliças para a feira da Praça Santos Dummont, que abastecia a Zona Sul da cidade. Aos moradores mais curiosos sobre a origem dos produtos, os vendedores informavam que provinham de uma "Rocinha" instalada no alto da Gávea.
Hoje, o descaso do governo com a comunidade, com a falta de infraestrutura, a construção de barracos de papelão, a degradação de áreas verdes, o crescimento desordenado, a distribuição de água através de bicas, entre outros problemas, provocou grande indignação, reivindicações e abaixo-assinados da população, que se organizou, engajando-se em muitos protestos em prol da comunidade.
Moradora há mais de 20 anos, a estudade de Geografica que está cursando o 8º período de uma das faculdades mais previlegiadas do país PUC-RIO, Gabriela Duarte, diz que não se sente "diferente" de outros alunos por morar na Rocinha. Ela conta em sua entrevista que normalmente as pessoas ficam até surpresa quando ela informa ser morada, pois não a veem como ela disse na entrevista " o biotipo próprio de quem é da favela":

1) Depois da ocupação, o tráfico deixou de comandar a favela?
Ele perdeu grande parte do seu poder no que diz respeito à exposição ostensiva de armamentos e à venda deliberada de drogas, mas os traficantes ainda estão presentes e atividades criminosas ainda são uma realidade na favela, mesmo que em menor grau.

2) Referente a violência o que mudou depois da UPP?
Apesar de não haver mais a figura do traficante expondo armas de elevado grau de destruição, os fuzis continuam expostos, porém nas mãos da polícia. Pequenos crimes como roubos, furtos, assaltos e outros mais graves como assassinatos e estupros aumentaram de número.

3) Após a Pacificação você acha que o turismo aumentou?
Com certeza! A Rocinha, menos antes da UPP, já fazia parte do circuito turistico de favelas da cidade. Porém a UPP vem com um discurso forte que visa reforçar a imagem de um ambiente mais seguro onde os turistas agora podem vir sem nenhum tipo de preocupação. Aliás, não só turistas de fora do Brasil. O próprio morador do "asfalto" agora encontra incentivo para subir e explorar o morro. Pena que ao morador da favela não seja oferecido o mesmo livre acesso nos lugares frequentados por essa populaçao do aslfato.

4) Com relação a "sociedade" você sente diferença no tratamento das pessoas quando você diz que mora na Rocinha?
Eu, especificamente, nunca fui discriminada por morar na Rocinha. Porém ao dizer que moro aqui, a reação de surpresa das pessoas tem embutida em si um certo preconceito, uma vez que sou branca e não carrego "o biotipo próprio de quem é da favela".

5) Como é a convivência dos moradores com os policiais?
Na minha memória, desde o início, a UPP não era vista com bons olhos, gerando desconfiança entre os moradores. Atualmente, em dias de Amarildo, fica transparente como essa relação morador da favela/polícia já é uma relação desgastada , cheia de arbitrariedades e desrespeitos por parte dos policiais. A UPP que já chegou impondo uma série de regras no cotidiano do morador, querendo mudar práticas culturais próprias da favela sem consultar os principais envolvidos também foi algo visto com maus olhos.





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